Assunto recorrente neste blog, por ser de grande interesse dos seus idealizadores, o Projeto de Irrigação em Apodi já completa pouco mais de 50 dias do início de suas obras. Nestes quase 2 meses de operação, várias situações preocupantes já se desvelaram diante da mídia, e a cada dia, aqueles que há tempos nos alertam sobre os perigos desta iniciativa do DNOCS estão ganhando forças através de frequentes erros dos executores do projeto. Nesse sentido, este artigo é a compilação dos inúmeros disparates cometidos ao longo desses últimos dias, e servirá como a sirene inicial para termos a consciência que esse projeto ainda tem muito o que mudar, inclusive agora, na fase das obras.
Por ordem cronológica, temos como primeiro erro, a forma como a empresa que executa a obra (EIT) contratou seu pessoal. Informações dão conta de que a imensa maioria dos que hoje trabalham aqui em Apodi, são funcionários que já estavam lotados em outras obras da construtora, sendo estes predominantemente da cidade de Pau dos Ferros.
Essa política vai de encontro aos discursos de geração de emprego e renda, que tanto ouvimos falar do DNOCS nos últimos anos, e nos coloca a mercê de uma situação bastante complicada. Não contratar cidadãos apodienses para trabalhar nesta obra, gera grandes desconfortos, e o mais óbvio, com certeza, é negar à cidade a renda proveniente das atividades desenvolvidas no nosso território, e claro, isso por si só já é uma afronta a todos que aqui residem. Esse fator se torna mais grave ainda quando atentamos ao fato de que muitos chefes de família da nossa cidade se aventuram pelo Brasil em ocupações muito semelhantes a estes cargos que a obra criou, e poderiam retornar aos seus lares se fossem contratados para trabalhar nesta obra.
Esta maneira equivocada de proceder com as contratações traz também um outro problema: com a chegada destes trabalhadores, vindos de outras localidades, eles trazem consigo seus próprios problemas sociais, seja o alcoolismo, a maior demanda por prostituição ou drogas, ou a criminalidade. Inclusive, nesta semana, um dos funcionários da EIT foi preso por estuprar, agredir, e roubar uma mulher em Apodi, confirmando este triste prognóstico.
Devemos lembrar também, que logo no início da obra, agricultores da comunidade de Agrovila Palmares, informaram que suas terras foram invadidas pelas máquinas da empresa executora. Segundo os moradores, nenhuma autorização foi pedida, nenhum termo de imissão de posse foi apresentado, e mesmo assim, o maquinário destruiu cercas e a mata nativa que eles preservaram durante anos.
Agricultores da Agrovila Palmares encontram clareira na mata. Foto: Agnaldo Fernandes / Noticias do Campo |
Leito do Rio Apodi-Mossoró seco. Foto: Reprodução / Facebook |
Infelizmente, usar a mídia para tentar dar credibilidade aos seus falhos argumentos não é novidade neste projeto do DNOCS, como já alertamos aqui nesta matéria do Apodi Consciente, o Sr. Bartolomeu já utilizou a rádio Lagoa FM de Soledade para falar à população e "tranquilizá-la", na tentativa de rechaçar a resistência à pulverização aérea, mesmo sabendo que existem chances de ela ocorrer, a exemplo do que acontece hoje no Ceará.
Todos estes fatos nos levam a crer que as estratégias na execução e implantação da obra precisam ser repensadas, e a questão social tem que ser incluída na hora de planejar essas atividades. O que temos visto até aqui são decisões autoritárias, tomadas por gente que parece desconsiderar a opinião popular, e os impactos que podem gerar, passando por cima de tudo e todos, na tentativa de fazer valer os interesses superiores.
Interesses de quem?
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