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Engenheiro chefe da obra do Perímetro Irrigado nega que vá ser utilizada pulverização aérea na Chapada. Será?




O Dr. Bartolomeu Ramos, engenheiro chefe da obra do Projeto de Irrigação Santa Cruz do Apodi, concedeu nesta quinta-feira, 12, à Radio Lagoa FM, uma entrevista com o intuito de sanar dúvidas da população sobre a implantação do Perímetro Irrigado Santa Cruz do Apodi. Na entrevista foram abordados vários pontos, mas ficou claro que a intenção era combater a resistência dos cidadãos ao projeto, trazendo informações que tranquilizassem os mais preocupados, inclusive sobre a questão dos agrotóxicos.

Na ocasião, o mesmo ironizou o fato de temermos a pulverização aérea no nosso município, dizendo que isto não seria utilizado, já que o tipo de irrigação utilizado seria o de gotejamento.

Vamos então aos fatos: O que inspira o medo, e consequente combate, dos movimentos sociais, e dos cidadãos, a esse modelo de desenvolvimento, é a realidade que vive, principalmente, os moradores da localidade do Perímetro Irrigado do Tabuleiro de Russas. Esta realidade está documentada em livros, artigos científicos, e relatos da população, e nessa temática podemos destacar alguns pontos sobre a pulverização aérea.

Primeiramente, esse tipo de pulverização é comum para combater uma doença da BANANA, chamada sigatoka-amarela, que é causada por um fungo, e aparece, principalmente nas folhas superiores, vindo daí a prioridade de se pulverizar por cima. É claro que utilizar um avião é algo dispendioso, e só vale a pena se fazer em grandes áreas, resta saber se os 64 hectares de terra, que é o tamanho do lote empresarial no nosso perímetro, é um tamanho razoável para se usar desta tecnologia, isso sem considerar que após iniciadas as atividades, algumas empresas ilegalmente se apropriam de lotes adjacentes aos delas, para aumentar a sua área, e produtividade.

Já a irrigação por gotejamento, realmente diminui o aparecimento da sigatoka-amarela, já que as folhas não se molham, e como a doença é causada por um fungo, dificulta o seu desenvolvimento. Porém não encontrei em lugar algum que o gotejamento eliminasse a necessidade de venenos em alguma cultura, somente que essa prática diminuiria essa necessidade.

Sobre o cultivo da banana, dados anteriores do DNOCS, incluindo uma apresentação de slides utilizada para explicar o projeto em outra ocasião, indicam que ele está incluido na perspectiva de produção. Ou seja, a banana vai ser cultivada na chapada do Apodi, se, claro, o projeto permanece o mesmo divulgado na ocasião. Logo, estamos sim sujeitos aos problemas que ela trouxe a outras regiões.

Por esses motivos, renovo a minha ideia de que o projeto é positivo, mas que temos que ter uma cautela maior quando falamos de agrotóxicos, e interesses comerciais. Pois para alcançarem o seu tão almejado lucro, as empresas do agronegócio não medem esforços. Permaneço no entendimento de que podemos produzir sem agroindústrias, e suas práticas destrutivas.


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