Como os amigos que me acompanham nesse início de blog já puderam perceber, me interesso especialmente pela questão do perímetro irrigado aqui em Apodi. E muito embora eu tenha um artigo científico em curso sobre o referido projeto, e poste aqui, informações sobre o mesmo, ainda sentia a carência de expressar a minha opinião pessoal sobre o assunto. Por isso, juntando os fatos que reuni durante a pesquisa que venho desenvolvendo, quero compartilhar com meus amigos leitores o que descobri, e a que conclusões cheguei.
Primeiramente eu aprendi que não dá
pra ser totalmente contra, nem totalmente a favor, e os motivos para
tal afirmação são muitos. Ser contrário a um investimento de 280
milhões em uma região que tanto carece de empregos, é difícil,
principalmente sabendo que centenas de famílias por aqui sofrem para
que os pais e maridos se aventurem trabalhando em empresas em outras
cidades, e até mesmo em outros estados, às vezes no mesmo tipo de
trabalho que o projeto pretende trazer para cá. Também há a
questão da água, pois atualmente as comunidades da chapada dependem
de poços (muitos deles de água salgada), e da Operação Pipa (que
demanda um esforço logístico enorme), para ter acesso ao bem mais
básico que um ser humano precisa, problema que é previsto para
acabar com a vinda do projeto, já que a água para a irrigação
também vai ser usada para o consumo humano.
Acontece que a coisa não é assim tão
simples, as controvérsias que trazem esses benefícios são
inegáveis, e é aí que tudo se complica. Os empregos gerados, pelas
experiências anteriores, são na grande maioria ruins, condições
de trabalho precárias, baixa valorização do profissional, e claro,
contato constante com os agrotóxicos, estes que representam um
problema à parte, sobre o qual se deve acrescentar que:
1) Contaminarão as águas dos poços,
através da infiltração do veneno no solo, e também as
provenientes do canal de irrigação, que fica ao lado das
plantações, cabendo lembrar que essa água também abastecerá as
residências dos moradores da chapada.
2) Poluirão o ar, afugentando espécies
importantes de insetos, inclusive as abelhas, que produzem um dos
mais valiosos bens da economia atual do município, o mel.
3) Provocarão um agravo no problema já
presente da saúde pública do município, já que a medicina prova
que tanto o contato exagerado, quanto a exposição prolongada aos
agrotóxicos trazem inúmeros agravos à saúde da população, com
problemas que vão de dores de cabeça, a cânceres dos mais variados
tipos.
Desta forma, ao meu ver, o projeto deve
ser bem vindo pelos empregos, e pela água, mas o mesmo não deve
valer para as grandes empresas do agronegócio, e seus agrotóxicos.
A solução para isto é muito simples, e os primeiros passos
necessários para implementá-la já foram dados, com a criação da
COOICAP – Cooperativa dos Irrigantes da Chapada do Apodi, que pode
criar uma organização capaz de gerar renda, e emprego, sem a
necessidade da implantação de empresas que querem unicamente
extrair o máximo de lucro da nossa terra. A forma mais correta de se
administrar essa questão, é dividir os lotes que serão
distribuídos pelo Governo Federal somente entre pequenos produtores,
estes, trabalhando para o bem comum, e, sendo orientados através da
cooperativa, poderão produzir de forma mais sustentável e humana do
que o modelo original propõe, mas é claro que nesse sentido somente
o clamor popular pode gerar uma mudança benéfica, por isso, a nossa
luta continua, e dependendo desse cidadão que vos escreve, ela está
longe de acabar.
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